O Muro voltou a boicotar um acto eleitoral este Domingo. Foi mesmo a única freguesia do país onde a secção de voto não abriu e as urnas ficaram vazias. Há quem ache que não o deviam ter feito, que não resolve nada ou que tão pouco faz sentido. Eu acho que é uma decisão legítima e democrática e só estranho que não o tenham feito também nas Legislativas.
A vida em democracia permite várias formas de protesto e o boicote eleitoral é uma delas. Podemos concordar ou não com ela mas uma coisa são as nossas opiniões e outra, muito diferente, é a lei portuguesa. Compreendo que uma população tão afectada pela decisão de encerrar a via estreita e permanentemente enganada por falsas promessas emanadas desde Lisboa e dos autarcas que governam a Trofa desde a formação do concelho leve a este tipo de situação. Os murenses estão fartos de mentiras.
O boicote no Muro foi, como era expectável, notícia na imprensa nacional e local. O que não era expectável, e penso estarmos perante uma estreia absoluta, é ver este protesto ser notícia no conhecido jornal francês Libération, que deu destaque ao caso. Numa terra onde tantas são as vezes em que o nome da Trofa surge na imprensa pelos piores motivos, arma de arremesso habitual das guerras entre os partidos do bloco central local, ver a luta do Muro ser alvo de cobertura do diário parisiense, uma referência em França e na Europa, que teve inclusivamente o apoio do famoso escritor e filósofo francês Jean-Paul Sartre na sua fundação, é no mínimo motivo de enorme orgulho. A luta do Muro, podemos hoje dizer, internacionalizou-se. Notável!
José Maria Moreira da Silva 2016-01-26 08:50:05
O direito à indignação, para além de ser um diteito contitucional é um direito "sagrado". Os murenses têm razões mais que justificáveis para terem feito o boicote às eleições. Para além de ter sido notícia num jornal francês, também foi notícia num jornal brasileiro, que utilizou termos, que para nós parecem estranhos, mas é para os brasileitos entenderem, como por exemplo: Município do Muro (não é que o Muro tenha sido elevado a Município, mas como no Brasil, e não só, não existe a autarquia Freguesia, se o jornalista tivesse escrito Freguesia do Muro os brasileiros não entenderiam), assim como designaram o Perfeito ao Presidente da Junta de Freguesia, pelos mesmos motivos.